Gálatas capítulo 2 versículos 19, 20 e 21
Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus.
Estou crucificado com Cristo. Logo já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora tenho na carne, vivo pela fé no filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus, pois se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão.
No texto acima encontramos diversas vertentes, vemos o Apóstolo Paulo repreendendo a Pedro devido a obrigatoriedade que Pedro e seus seguidores impunham aos gentios novos convertidos os obrigando a se circuncidarem como prova de fé e respeito a lei judaica. Nesta passagem o Apostolo Paulo também nos dá uma lição de fé e desprendimento ao dizer “Estou crucificado com Cristo. Logo já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” E isto me leva a pensar o que Paulo viu em Jesus e na sua Palavra que geraram nele tanto amor e entrega?
Vejamos primeiro quem era Paulo:
O nome Paulo vem do grego e significa “Pequeno” antes da sua conversão ele também era conhecido com Saulo de Tarso. Era da tribo de Benjamim e zeloso membro do partido dos fariseus. Nasceu em Tarso como cidadão romano (AT 16:37). Foi instruído pelo rabino Gamaliel. Recebeu autoridade oficial para dirigir a perseguição aos cristãos (At 26:10). Sua família era bem abastada (rica). Sua morte ocorreu no ano 67 DC nas mãos de Nero o imperador romano da época.
A história nos conta em Atos capítulo 9 que Paulo ia a pedido do sumo sacerdote a cidade de Damasco levar cartas as sinagogas com ordens de prisão a todos os cristãos e que presos eles fossem levados a Jerusalém onde seriam torturados e mortos. Só que no caminho algo inusitado acontece no versículo 3 Paulo contempla uma intensa luz que ofusca totalmente as suas vistas e dela ouve-se uma voz dizendo “Saulo, Saulo por que me persegues? Aterrorizado Paulo pergunta; Quem és tu senhor? E eis que surge a resposta; Eu sou Jesus, a quem tu persegues, mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer.
E assim se iniciou o ministério do maior apóstolo de Jesus.
O impacto do encontro real que Paulo teve ao ver e ouvir ao Cristo ressurreto foi tão intenso e avassalador que rompeu com todo o seu apego pelas coisas deste mundo. Fico imaginando Paulo na casa de Ananias e Ananias lhe contando várias histórias acerca de Jesus. Imagino Ananias lhe falando sobre o seu batismo, sobre o seu primeiro milagre, sobre a sua forma linda e sem igual com que Ele se aproximava dos leprosos e dos pecadores. Imagino ainda Ananias lhe contando sobre a viúva de Naim e a ressurreição milagrosa de seu filho através das mãos do mestre, vejo-o falar sobre os seus sermões, o sermão da montanha, as bem aventuranças e o sermão da planície. Vejo ainda ele falando sobre o seu encontro com a mulher do fluxo de sangue, com o cego Bartimeu na estrada de Jericó e com o homem possuído por legiões de demônios em Cafarnaum. Imagino ainda as doces palavras que saiam da boca de Ananias a Paulo lhe falando dos olhos e da maneira com que o mestre os olhava, do seu toque, da sua voz, do amor dispensado aos mais carentes e aos marginalizados, fecho os meus olhos e vejo ainda Ananias contando a Paulo sobre os últimos momentos do mestre nesta terra, da última ceia, das horas de angústia, solidão e dor nos momentos que antecediam a sua crucificação. Das chibatadas e dos acoites, das cusparadas socos e ponta-pés, da rejeição do seu povo e da fuga desesperada de seus discípulos, enfim, da dor de sentir o seu Pai logo Dele a ponto de desesperadamente gritar “Deus meu, por que me desamparaste” e segundos depois ouvi-lo dizer “Pai perdoa-os, pois não sabem o que fazem”….
Amados, imagino as lágrimas descendo no rosto de Paulo removendo tanto as escamas físicas que estavam nos seus olhos quanto as escamas espirituais que haviam o cegado por todos aqueles anos.
A conversão de Paulo realmente foi forte e inspiradora ainda em Atos capítulo 20 versículo 22 ao 24 ele diz; E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão o que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações; Porém em nada a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da Graça de Deus.
Paulo estava tão apaixonado por Jesus que não se importava mais com a sua própria vida e estava disposto a sofrer todos os açoites e pedradas que fossem necessárias para declarar o poder da Graça libertadora e salvífica liberada pelo sacrifício de Cristo na cruz.
Existiu um grande autor contemporâneo chamado Orlando Boyer autor da obra “Heróis da Fé”, obra esta que descrevia a perseguição que a igreja sofreu décadas apos Cristo, mas antes de falar propriamente desta obra vamos aprender um pouquinho com a vida deste homem de Deus:
Orlando Boyer
Pastor Missionário (EUA) (In memoriam - 1893 a 1978]
- Nome Completo: Orland Spencer Boyer (Conhecido como Orlando Boyer pelos Brasileiros).
- Nascimento: 05 de Março de 1893.
- Natural: Bedford, Iowa, Estados Unidos
- Esposa: Ethel Beebe (casou-se em Março de 1914]
- Faleceu: 21 de Abril de 1978 nos Estados Unidos
: Ministério
- Em 1927, chegou ao Brasil, dedicado ao ministério de anunciar a Palavra de Deus, indicado pelo Conselho Missionário da Igreja de Cristo, denominação à qual pertenciam.
- Em Pernambuco, os Boyer passaram um ano estudando a língua portuguesa, aprimorando-se na maneira de falar com os nordestinos.
- Em Mata Grande, sertão de Alagoas, passaram quatro anos abrindo trabalhos.
- Boyer contava que alcançara o domínio da língua nos diálogos alegres com a boa gente brasileira durante as viagens a pé ou a cavalo, como um evangelista.
- De Alagoas, seguiu para o Ceará, visitando algumas cidades completamente hostis ao Evangelho. Num esforço pioneiro, abriu trabalhos ao longo da via férrea em 14 localidades cearenses, enfrentando sem relutância a fúria dos inimigos do Evangelho.
- Nesse tempo, no entanto, Orlando Boyer ainda não era batizado no Espírito Santo.
Um certo advogado, faminto pela revelação divina, leu a Bíblia seis vezes durante três meses. Na leitura, encontrou a promessa do derramamento do Espírito Santo em Atos. Mesmo sem saber do que se tratava, resolveu pedir a Deus o batismo pentecostal. Pouco tempo depois, testificava da bênção recebida a qualquer pessoa que encontrasse. Nessa ocasião, missionários Virgil Smith e Bernhard Johnson, que também estavam no Brasil e eram de outra denominação, ouviram o testemunho daquele homem e repartiram a nova com o casal Boyer. Intrigados com o fato, Smith e Johnson começaram a buscar mais ardentemente o poder de Deus, alcançando também a promessa.
- Profundamente comovido, Orlando Boyer retornou aos Estados Unidos em maio de 1935. Lá, sua esposa foi batizada no Espírito Santo em uma reunião em Oklahoma. Pouco tempo depois, na igreja de Peoria, em Tulsa, ele teve a mesma experiência. Esses fatos trouxeram uma certa mudança na vida do casal missionário. Os dois tiveram que se filiar à Assembléia de Deus em Oklahoma. Foi o Departamento de Missões da AD ali que os enviou novamente ao Brasil.
- Boyer recomeçou seu trabalho no Ceará. Passou dez anos ali, plantando e colhendo na Seara do Mestre.
- Depois, rumou para Santa Catarina, onde permaneceu três anos trabalhando na obra e traduzindo textos para o português.
- Foi nesse período que Orlando Boyer foi convidado a ministrar seus ensinamentos através da CPAD.
- Ele desprezou regalias, sacrificou o conforto, mas permaneceu firme em seu ofício, até que a doença de sua esposa o levou de volta aos Estados Unidos. Lá, a irmã Ethel faleceu em 14 de outubro de 1967.
- Sabendo que os anos dedicados à obra missionária já lhe garantiam a aposentadoria e que, por isso, o Departamento de Missões não custearia sua volta ao Brasil, o incansável obreiro tomou o dinheiro destinado às despesas fúnebres que lhes estava garantido pelo seguro e o empregou na compra de uma passagem para o Rio de Janeiro. Mais tarde, justificou a sua conduta em uma carta: "Eu sabia que vocês pagariam o funeral, mas sabia também que jamais me enviariam de volta ao Brasil".
- No Brasil, Orlando Boyer teve as mais gratas experiências com Deus. Ele mesmo experimentou a cura divina, quando uma enfermidade ameaçava paralisar as suas pernas.
- Durante uma grande seca no Ceará, experimentou o milagre da multiplicação de pães, quando filas de pessoas famintas se amontoaram à sua porta, saciando sua fome.
- Orlando Boyer renunciou a toda espécie de regalias pessoais e custeou a publicação de novos livros, economizando dinheiro de obras já publicadas.
- Nas suas últimas horas de vida, ainda pensou em novos livros evangélicos para o Brasil, mas não havia mais tempo.
- Mesmo assim, seus esforços não foram em vão.
- Ele publicou 131 obras, sendo 16 de sua autoria e as outras traduções por ele feitas.
- Em 21 de abril de 1978, nos Estados Unidos, partiu "para a cidade onde as lágrimas não correm e o descanso é eterno".
A obra mais conhecida de Boyer com certeza foi o livro “Heróis da Fé” que relatava as perseguições que os cristão padeciam no início da igreja. Ele relata histórias reais de pessoas que eram lançadas nas covas dos leões pela sua fé e Cristo e narra um dos momentos mais emocionantes depois da morte e ressurreição de Cristo onde pessoas eram devoradas em pleno coliseu a vista de todos, mas que com bravura morriam sorrindo e glorificando a Deus!!
São exemplos como os de Paulo, de Boyer e de todos os cristãos mencionados no livro “Heróis da Fé” que me deixam perplexo e me fazem refletir sobre a minha conduta perante Deus e perante a fé. Será que realmente conhecemos o Deus a quem dizemos servir, será que entendemos que é necessário abrir mão de tudo o que temos e somos em nome do amor ao evangelho? Temos que ter a nossas mentes renovadas pelo Espírito Santo e rejeitar esta cultura mercantilista que se instalou na nossa comunidade e nas nossas igrejas, Deus não procura por mendigos dá fé adeptos da teologia da Sangue – Suga, mas sim por homens e mulheres que assim como Paulo e Boyer sacrificaram as suas vidas confortáveis em nome da fé, do amor e da esperança. Que nos possamos refletir nestes exemplos e ao final da nossa jornada que possamos de cabeça erguida e com toda integridade declara assim como declarou o Apostolo Paulo minutos antes de sua morte (2ª Timoteo 4:7) “Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé”…
Soli Deo Gloria
