sábado, 16 de abril de 2011
Preciso de um Amigo
A paz do Senhor Jesus caros leitores. Esta semana passei por uma experiência muito forte onde alguns valores dos quais eu, por ser cristão, achava que estavam bem firmados e sólidos, desmoronaram diante de mim. No último dia 13/04 veio a falecer um tio meu por decorrência de problemas cardíacos agravados pelo diabetes. Este tio sempre teve um temperamento forte e muita das vezes, era incompreendido em suas palavras e atitudes e isso, de certa forma, distanciava as pessoas dele, eu mesmo pra ser sincero não tinha muitas afinidades e raramente parávamos para conversar, pois é meus amados mediante a um cenário de morte muitos questionamentos nos fazem refletir, vendo o corpo dele ali pensei em muitas coisas tais como, no tempo que perdemos na vida correndo atrás de coisas materiais e deixando as coisas eternas de lado, nunca pensamos que a morte anda a espreita e que nos chega sem avisar ou pedir licença, em fim pensei em várias coisas destas que só pensamos em momentos assim. Queridos mas o que eu quero realmente registrar aqui neste texto foi um desabafo de um tio, irmão do que havia falecido emocionado com tudo o que ocorreu e de posse da palavra que lhe foi concedida durante o culto fúnebre ocorrido na manhã de 14 de Abril de 2011, horas antes do sepultamento ele disse as seguintes palavras:
“Irmãos aqui foi falado muito sobre aceitar a Cristo como Salvador, foi falado muito sobre o não deixar para amanhã o que podemos fazer hoje e também se falou muito no amor, amor este que em seus últimos meses de vida ele não sentiu (referindo-se ao morto). Lembro-me bem das vezes que ao vê-lo em sua dificuldade por causa da doença e percebendo o desprezo das pessoas próximas pela aquela situação, muitos diziam: “Ah mais ele sempre foi uma pessoa rude, nunca quis saber de ninguém e esta pagando por sua ruindade”... Queridos isso me magoou profundamente e me lembrei daquela passagem onde as pessoas chamavam Jesus de “Bom mestre” e ele as repreendendo dizia “Por que me chamam de bom, só há um que é bom que é o meu Pai que esta nos céus”... Se Jesus mesmo sendo o Filho do Deus Altíssimo se recusou a ser chamado de bom, quem somos nós para nos julgarmos e nos separarmos entre bons e maus? Me lembro que em sua última cirurgia ao buscá-lo no hospital percebi nos olhos dele um brilho de alegria e perguntei a ele qual era o motivo e ele me disse: “Estou feliz pela minha alta, foi uma cirurgia difícil, mas deixa pra lá as coisas ruins e vamos logo pois em minha casa estarão o meu pastor e alguns irmãos da minha igreja me esperando...vamos”... Balancei a minha cabeça e por dentro chorei pois sabia que em sua casa não haveria ninguém para o recepcioná-lo...
Queridos as palavras acima ditas pelo meu tio penetraram com tanta intensidade e profundidade no meu ser que não me contive e cai no choro, sabe nas igrejas a fora somos levados a crer que temos um valor, que somos importantes para Deus e que somos a menina dos seus olhos... Sabe realmente podemos até ser tudo isto para Ele que é bondoso e misericordioso, mas sendo sensatos e sinceros com nós mesmos será que somos tão especiais assim?
Somos seletivos, egoístas e mesquinhos, nossos atos muitas das vezes são motivados por recompensas até mesmo na tratativa com Deus, somos fiéis até certo ponto com Ele, mas aí Dele senão nos abençoar... O cristianismo que vivemos não passa de uma farsa, de um joguinho barato de meras palavras lançadas ao vento, digo isto fundamentado nas seguintes questões que peço que você reflita e responda a si mesmo se você tem praticado alguns dos mais importantes mandamentos:
Pessoas estão doentes e sozinhas em suas camas e hospitais e o que estou fazendo?
A solidão é o mau do século, quantos novos amigos eu fiz este ano?
A minha família é grande, quantos parentes eu visitei nos últimos 10 anos?
Tem algum irmão da minha igreja desempregado passando por necessidades?
O que eu sinto ao ver a dor estampada no rosto dos meus semelhantes?
Será que realmente Deus esta feliz com a minha vida e com a minha conduta moral e cívica?
Será que o simples fato de ser batizado, freqüentar uma igreja, ser dizimista, cantar e pregar são suficientes para Deus?
Meus irmãos este apenas foi um resumo rápido dos questionamentos que fiz em meu interior ao ver ali o corpo do meu tio naquele caixão, sentindo a culpa de ter tido a oportunidade de alguma maneira ter podido fazer algo para ajudá-lo seja o levando ao médico, comprando algum medicamento ou simplesmente oferecer a ela a minha companhia.
Sabe irmãos ao me deparar com todos estes questionamentos descobrir não valer nada, toda a minha teologia e todo o meu conhecimento são trapos e certamente se apagarão quando chegar à hora da minha morte, o apostolo Paulo diz em sua primeira carta aos Coríntios capítulo 13 que sem o amor somos como o sino que bate, faz barulho mas esta vazio, e vazio é o que eu sinto neste momento, decepcionado comigo, abatido e frustrado, mas com um propósito que aliás a partir de hoje transformo em missão que é amar a todos independentemente de raça, credo, religião, opção sexual e conduta, pois é isso o que o nosso Deus espera de nós...
Desafio-lhes neste momento a pegar o seu telefone e ligar para um ente querido ao qual há muito tempo você não vê e não fala, lembre-se daquele irmão que esta doente e gaste um pouquinho do seu tempo o visitando, pois isso o fará muito bem ao doente e lhe acrescentará galardão nos céus, e para você que é Pastor ou líder religioso, não se esqueça das palavras do mestre ao ensinar a parábola da ovelha perdida, pois há muitas ovelhas perdidas, feridas e sem direção precisando de mim e de você!
A palavra “cristão” quer dizer pequeno cristo, sejamos nos pequenos cristos e sejamos conhecidos não apenas pelo que pregamos e dizemos ser a verdade, mas sim pelo que fazemos, pois somente pode se chamar cristão aquele que vive e obedece aos mandamentos de Cristo que os resumiu a amar o Senhor teu Deus com todas as nossas forças e todo o nosso entendimento e ao nosso próximo como a nós mesmos!!!
No mais que Deus nos ajude e nos fortaleça a cada dia!
Avante por Cristo e nem um passo para trás...
Evandro Manoel
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